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A eleição do novo Papa

Há dois brasileiros apontados como possíveis sucessores de Francisco na eleição que inicia em alguns dias

Os cristãos viveram a Páscoa ainda ontem. E hoje, com a morte do Papa Francisco, a Igreja católica amanhece com a missão da renovação, do renascimento da fé por meio da eleição de um novo líder.

Para além, ou aquém das teorias da conspiração, como tudo que envolve poder, a escolha de um Papa na igreja católica segue não só um rito, mas negociações, defesa de ideologias, conveniência, disputa interna, muito diálogo, entendimento e oração. É hora de ouvir e analisar para onde se pretende seguir e a quem.

A eleição de um Papa inicia com a posse que quem o precede, como todo cargo de liderança. Sob vigilância religiosa, com perdão do trocadilho, quem decide o futuro de uma das instituições mais poderosas do mundo, é sua cúpula, que avalia sistematicamente todos os os o pontífice, durante todo seu papado.

O ritual é antiquíssimo e preza pelo segredo absoluto e proteção contra interferências externas. Por isso, desde 1274, o conclave, que é o colegiado de cardeais que elegem o papa, reúne-se dentro da Capela Sistina, em Roma, sem comunicação com o mundo exterior até que a decisão esteja tomada por pelo menos 2/3 do colegiado.

Os eleitores são cardeais com menos de 80 anos, que são escolhidos previamente pelo papa. Esta é uma forma de manter sucessões menos abruptas, mais suaves. O que de fato aconteceu bem ao contrário na eleição de Francisco. O cardeal argentino, muito simples e mais aberto ao pensamento liberal e progressista, sucedeu o Papa Bento XVI, o alemão linha dura e conservador que renunciou após 8 anos no cargo.

Hoje 120 cardeias estão aptos a decidir não só o nome do próximo papa, mas a estrutura politica interna e externa da igreja católica. Entre eles, estão sete brasileiros, seis deles dentro da idade prevista para votar. O cardeal Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, que tem 87 anos e não pode mais exercer o voto. Dois deles apontados como possíveis candidatos (veja a seguir).

Os eleitores votam de forma escrita e secreta no nome de quem julgam deva ser o novo pontífice. A eleição pode levar dias – Francisco foi eleito em dois dias, depois de cinco rodadas de votação. As sessões de votação podem acontecer mais de uma vez no dia, geralmente duas, com períodos para conversas, negociações e conquista de votos. A cada votação as cédulas são queimadas em uma grande fornalha com vista para a Praça São Pedro, para onde os olhares de milhões de fiéis fixam sua atenção. Se a fumaça for preta, significa que não houve com consenso necessário. Quando a fumaça branca aparecer no céu do Vaticano a frase “Habemus Papam”, a frase latina que significa “Temos um Papa”, anunciará oficialmente a eleição de um novo Papa à comunidade católica

O Papado de Francisco durou 12 anos. Seu funeral será realizado dentro de nove dias e o conclave para eleger o seu sucessor será instaurado dentro de um mês, anunciou hoje o Vaticano .

Os candidatos mais fortes

Cardeal Pietro Parolin – Itália

Pietro Parolin, nascido em 1955 em Schiavon, Itália, é o atual secretário de Estado do Vaticano, ocupando o segundo posto mais importante na hierarquia da Santa Sé desde 2013. Foi o primeiro cardeal nomeado pelo Papa Francisco.

Matteo Maria Zuppi – Itállia

Nascido em 1955 em Roma, é arcebispo de Bolonha desde 2015 e também foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em 2019, hoje é o enviado especial do Papa para o conflito na Ucrânia.

Cardeal Pierbattista Pizzaballa – Itália

Nascido em 1965, em Cologno al Serio, Itália, Pizzaballa é o Patriarca Latino de Jerusalém e foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em 2023. Como líder da Igreja Católica no Oriente Médio, o italiano é frequentemente elogiado pelo trabalho em prol do diálogo inter-religioso entre cristãos, judeus e muçulmanos.

Cardeal Jean-Marc Aveline – França

Nascido em 1958, em Sidi Bel Abbès, na Argélia, Aveline é o arcebispo de Marselha, França. Foi nomeado pelo Pontífice em 2022, e é conhecido por sua dedicação dedica a questões de imigração e diálogo inter-religioso.

Cardeal Péter Erdo – Hungria

Conhecido por sua postura conservadora e formação acadêmica sólida, o cardeal húngaro Peter Erdo, 72 anos, arcebispo de Esztergom-Budapeste, foi durante muito tempo o cardeal mais jovem da Europa. Recebeu o título de cardeal em 2003. É o líder das relações católicas com as igrejas ortodoxas — ele também mantém contato com líderes da comunidade judaica.

Cardeal José Tolentino de Mendonça – Portugal

José Tolentino de Mendonça, nascido em 1965 na Ilha da Madeira, Portugal, é cardeal e atual prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, cargo que ocupa desde 2022. Poeta, teólogo e intelectual renomado, ele também foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco, em 2019. É da ala “progressista” da Igreja, com grande afinidade com o Pontífice.

Cardeal Mario Grech – Malta

Nascido em 1957 em Rabat, Malta, Grech é o atual secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cargo que ocupa desde 2020. Ordenado sacerdote em 1984 e nomeado bispo de Gozo em 2005, também por Francisco, Grech é conhecido por sua abordagem pastoral e pelo foco em questões relacionadas ao diálogo inter-religioso e justiça social.

Cardeal Luis Antonio Tagle – Filipinas

Luis Antonio Tagle, nascido em 1957 em Manila, nas Filipinas, é o atual cardeal-arcebispo de Manila. Foi nomeado cardeal pelo Papa Bento XVI em 2012. Tagle é conhecido por seu compromisso com a justiça social, o combate à pobreza e a defesa dos direitos humanos, além de ser defensor do diálogo inter-religioso.

Cardeal Robert Francis Prevost – EUA

O cardeal Robert Francis Prevost nasceu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1955, e é bispo emérito de Chiclayo, no Peru. Em 2023, foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco. É frei, religioso da Ordem de Santo Agostinho.

Cardeal Wilton Gregory – EUA

Wilton Gregory, nascido em 1947 em Chicago, Estados Unidos, é o atual arcebispo de Washington D.C.. Em 2020, ele se tornou o primeiro cardeal afro-americano da Igreja, nomeado por Francisco.

Cardeal Blase Cupich – EUA

Blase Cupich, nascido em 1949 em Omaha, Estados Unidos, é o arcebispo de Chicago desde 2014 e cardeal desde 2016, também nomeado pelo Papa Francisco. Conhecido por sua abordagem pastoral inclusiva e seu foco em questões sociais, Cupich é visto como um líder progressista e um defensor de uma Igreja mais acolhedora e voltada para as necessidades dos marginalizados.

Cardeal Fridolin Ambongo Besungu – República Democrática do Congo

Nascido em 24 de janeiro de 1960 em Boto, República Democrática do Congo, Em 2019, o Papa Francisco o elevou ao cardinalato. Além de suas responsabilidades arquidiocesanas, o cardeal tem se destacado como defensor da paz e da justiça social

Cardeal Leonardo Ulrich Steiner – Brasil

Anunciado pelo Papa como cardeal da Igreja Católica em maio de 2022, Steiner tornou-se o primeiro cardeal da Amazônia brasileira. Nascido em Forquilhinha (SC), ele fez sua profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores em 1976, ainda aos 25 anos, e foi ordenado sacerdote dois anos depois. Nomeado bispo em 2005 pelo Papa João Paulo II (1920-2005), ele tomou posse como arcebispo de Manaus em janeiro de 2020, após assumir o cargo ocupado por Dom Sergio Castriani desde 2012.

Bacharel em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena, o cardeal também obteve a licenciatura e o doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum de Roma. Ainda em 2020, ele disse ter considerado sua nomeação para cardeal como “uma expressão de carinho, acolhida, proximidade e cuidado do Papa Francisco para com toda a Amazônia”. Ele também declarou que a colaboração que pode oferecer ao Pontífice é fazer com que a Amazônia seja lembrada.

Cardeal Sérgio da Rocha – Brasil

Nascido em Dobrada, no interior de São Paulo, o cardeal é mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, também em São Paulo e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. Ele foi professor de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1989-2001) e colaborou, em Porto Velho (RO), no Projeto Missionário Sul I / Norte I e na Escola de Teologia Pastoral de São Luiz de Montes Belos.

Antes de assumir a arquidiocese de Salvador, Rocha foi arcebispo em Teresina e em Brasília. Em 2021, Dom Sergio da Rocha foi nomeado membro da Congregação para os Bispos pelo Papa Francisco. A Congregação para os Bispos é um dos principais organismos da Cúria Romana, que cuida da criação das dioceses, da nomeação de bispos, das visitas “ad Limina” e dos encontros de bispos novos. Em 2023, foi nomeado integrante do Conselho de Cardeais.

Pesquisa: portallitoralsul-br.noticiascatarinenses.com, rtp.pt, infomoney.com.br

Imagem gerada por IA

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