A cor púrpura (a ambulância e o Hospital Regional de Araranguá)
COLUNA Mamma Ruth - Crônicas de um quarto de hospital
Parte 01 – após 8 dias internada
A cor púrpura… Essa cor sempre se sobressaiu em momentos especiais de minha vida… E na parte mais crítica desta semana, transformou minha pele inteira em hematomas coloridos… ISQUEMIA, dizia o médico… De dentro de uma ambulância o mundo perde formas… meu velho e bom Hospital Regional… equipe médica jovem, rápida, tomando decisões que me deixam digitar a primeira crônica do bônus dessa vida estranha… não tenho palavras para agradecer o atendimento de TODOS do pronto socorro, da sala vermelha, e agora na clínica médica… cada um de vocês estará pra sempre no meu coração…
Parte 02 – 9º dia
… invista em lenços umedecidos e hidratantes… e a necessair organizada e arrumadinha é coisa do capeta… aquela camisola etérea, um pijama sedoso, são elementos de um paralelo que a matriz engoliu e regurgitou dois números em menos, de tanto “guardar”… Pronto… Branca de Neve acordou, e agora o mundo que lute… minha vitória dessa manhã é ter um o venoso novinho, uma mão livre pra me alimentar e escrever… a nossa casa é onde apoiamos nosso chapéu… ou o tubo do oxigênio… fiquem bem meus queridos…
Parte 03 – 10º dia
…Corações desenhados no o novinho, conseguido pela destreza de dedos jovens, sensíveis… que percebem o calibre da veia… sentir-se acarinhados na fragilidade é o ato de amor maior do humano para o outro humano… perceber o nó na garganta do profissional da saúde, que se torna íntimo depois de 9 dias de estadia nesse branco hotel é finalmente entender que o amor É… O amor não precisa ser… às vezes nosso amontoado de células vira uma confusão gigantesca… o quê era uma coisa, esquece de como deveria funcionar… e manda sinais confusos… Até que o caos de viola, púrpura e azul profundo vai acalmando… e um novo normal vai se delineando… Camaleões somos… nos adaptando ao sexy chamado da camisola aberta nas costas…