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‘Missão: Impossível – O Acerto Final’ é uma aula de ação

Sem sombra de dúvidas, Tom Cruise é o mestre dos filmes de ação em Hollywood nas últimas três décadas. O ator retorna como Ethan Hunt em Missão Impossível – O Acerto Final, que acerta na ação, nostalgia e na definição de “ação ao limite”, em uma produção que encerra uma saga que só cresceu.

Desde 1996, a franquia Missão: Impossível colocou-se à disposição do grande público para “aulas de ação”. Cruise é o rosto e o nome principal da saga ao longo de oito filmes, e não é por menos que ele interpreta um personagem tão marcante quanto um herói dos quadrinhos. O oitavo filme chegou a ser veiculado como o último da saga, e até pode ser, sendo uma despedida emocionante e à altura. Porém, é claro, pode não ser, pois há espaço para muito mais filmes que podem tirar o fôlego do espectador em uma leva de novos personagens.

Em Missão Impossível – O Acerto Final, Ethan e sua equipe precisam encontrar o submarino Sevastopol, afundado em algum lugar no oceano. Nele há uma arma específica capaz de derrotar a inteligência artificial que ficou conhecida como A Entidade. Ethan e seus comandados precisam encontrar a arma e derrotar Gabriel, antes que o vilão controle A Entidade e destrua o mundo para sempre.

O número de referências aos primeiros filmes é grande, bem como a ligação com Acerto de Contas, um dos mais memoráveis filmes da saga e o sétimo entre os oito. Essas conexões, além de ser uma homenagem que funciona como uma despedida, ainda colocam histórias para contar. O oitavo filme respeita toda a construção da franquia de ação, que coloca em consideração a seguinte frase: o sacrifício vale para salvar o mundo da própria humanidade egoísta e desesperada? A resposta seria a própria trama do último filme e de forma bem direta, algo que o personagem de Cruise costuma ser: direto, não muito prático e inteligente.

Christopher McQuarrie dirige o filme pela quarta vez. Desde Nação Secreta ele vem fazendo trabalhos coerentes ao lado de Cruise, Simon Pegg, Ving Rhames e demais atores conhecidos. A continuidade de um só diretor torna tudo mais fácil de ser trabalhado. Portanto, O Acerto Final, uma sequência direta de O Acerto de Contas, não precisa fazer toda uma volta explicativa e detalhada sobre quem é o vilão ou quem está na equipe IMF. No entanto, o roteiro detalha situações no primeiro ato que são necessárias, tornando a dramatização como um ponto focal para a primeira hora do filme. Contudo, torna-se interessante um certo estilo dramático em um filme de ação e escapismo, assim fornecendo mais material para a produção poder trabalhar e caminhos a serem seguidos pelo protagonista e coadjuvantes.

Comparado ao filme anterior, este aqui engloba muitas subtramas – mas encerra todas elas – nem sempre tão necessárias assim. A participação surpresa de um personagem já conhecido da saga é uma história de apoio que serve como chave para encerrar um capítulo. A quantidade de informações em tela pode ser prejudicial para alguém que não está acostumado com a saga ou viu outros longas, mas não coloca em risco uma experiência ruim. O principal problema de O Acerto Final é justamente inflar várias histórias que precisam se interligar com a trama primária, seguindo uma narrativa que vai ficando densa e detalhada demais, mas que consegue enxugar algumas pontas soltas em sequência de alto nível.

O lógico aqui é bem trabalhado. A ameaça de guerra nuclear chega a assustar a humanidade – ou melhor, apenas os Estados Unidos. Entre políticos e militares, a pouca presença de outras nações como ponto de apoio ou interferindo na missão de Ethan é um dos erros do longa-metragem. Esse erro de continuidade é gritante quando a Rússia chega a colocar soldados para combater a equipe IMF liderada por Benji (Simon Pegg). Ao que deveria ser uma margem para dar profundidade no assunto, foi algo para viabilizar uma facilidade no roteiro, que é bom, mas poderia ar por uma outra revisão. Os processos de reescritas e as greves dos roteiristas acabou atrapalhando, de certa forma, a produção do longa-metragem.

Apesar de alguns atrasos, algo não ficou de fora: a ação imediata. A corrida clássica de Ethan com câmera aberta, as cenas angustiantes com foco na preparação do personagem, que foi treinado para as missões, e a trilha sonora elevada e explosiva. Essas são peças-chave no filme, que desafia o limite de Ethan e sua equipe, e ainda mais, desafia toda uma produção envolta para entregar o melhor. A ação é o que mais importa para Missão: Impossível em toda a franquia, que com o ar dos anos, teve um crescimento em narrativa e sequências de tirar o fôlego.

O elenco está em seu melhor momento na saga, possivelmente é a atuação mais incisiva de Cruise. Hayley Atwell também é uma atriz que entendeu sua personagem, Grace, e consegue ter momentos marcantes com ela. Pegg e Rhames possuem seus momentos, assim como Pom Klementieff, que ganha mais espaço. O problema está novamente no vilão, um tanto caricato, mas que em questão de performance com Esai Morales, tem um texto melhor que no anterior.

Pode ser que não seja o melhor Missão: Impossível, mas O Acerto Final deixa marcado e cravado na franquia a humanidade de Ethan, seus problemas internos e sua vida pela missão. Através de acrobacias, cenas angustiantes e o trabalho com o nervosismo e ansiedade por mais, o oitavo longa-metragem tem seu brilho em saber fornecer o que o público quer ver.

Nota: 9

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