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Não é só um “pic”: a verdade sobre a frenectomia lingual

COLUNA TOOTTI ODONTOPEDIATRIA - Sorrisos que começam cedo

Muitos pais chegam ao consultório acreditando que a frenectomia lingual – o famoso “corte do freio” – é um procedimento simples, rápido, quase como dar um “pic” com a tesoura. Mas a realidade está bem longe disso. Trata-se de uma cirurgia, com riscos, que exige planejamento, técnica, e uma avaliação cuidadosa.

 

A língua é um órgão complexo, envolvido em funções fundamentais como respiração, deglutição, amamentação, mastigação e fala. Por isso, qualquer alteração em sua anatomia pode repercutir de forma importante em várias áreas do desenvolvimento da criança.

E aqui entra um ponto muito importante: a avaliação multidisciplinar. Dentistas têm profundo conhecimento sobre anatomia lingual e procedimentos cirúrgicos, mas quem entende verdadeiramente da função da língua — ou seja, da forma como ela se movimenta e participa dessas atividades — é a fonoaudióloga. Essa parceria entre odontopediatria e fonoaudiologia é essencial para garantir uma análise completa e segura antes de qualquer intervenção.

 

É claro que existem casos mais evidentes, em que o freio é visivelmente restritivo e até os pais percebem que algo está diferente. Mas há também os freios “duvidosos”, com inserções que não são tão óbvias e que exigem testes funcionais específicos, realizados por uma fono, para entender se há ou não impacto na qualidade de vida da criança.

 

Outro ponto que precisa ser esclarecido são os mitos relacionados à alteração do freio lingual em crianças maiores. Um erro comum é associar o freio curto ao atraso de fala. Mas é importante reforçar: freio alterado não faz a criança “demorar a falar”. O que pode ocorrer é a dificuldade em articular alguns fonemas, como /r/, /l/ ou /t/, por conta da limitação de movimento da língua — mas isso não significa ausência de fala.

 

O impacto, porém, vai além da fala. Crianças com freio lingual alterado podem apresentar dificuldades na introdução alimentar, especialmente com alimentos mais fibrosos, que exigem maior mobilidade da língua para mastigar e organizar o bolo alimentar. Além disso, essa limitação pode comprometer a higiene bucal: a língua tem um papel natural de “varredura” na boca, ajudando na autolimpeza. Quando essa função é prejudicada, há maior acúmulo de resíduos, o que pode favorecer o aparecimento de cáries.

 

É por isso que a frenectomia não pode ser vista como algo simples ou automático. Ela só deve ser indicada quando há real necessidade, com base em uma avaliação criteriosa feita por profissionais capacitados. E quando realizada com o preparo adequado, no momento certo e com acompanhamento multidisciplinar, pode trazer grandes benefícios para a saúde e o bem-estar da criança.

 

A Tootti Odontopediatria é um sonho de duas amigas odontopediatras e apaixonadas pelo que fazem: Tia Letícia e a Tia Camila. Queremos, neste espaço, compartilhar informações e experiências que ajudem o dia a dia das famílias.

 

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