NRF 2025 Game Changer: Os principais insights para o futuro do varejo
Por Franciele Fernandes
Há 2 meses aconteceu a NRF Retail’s Big Show 2025, em Nova York, nos Estados Unidos. A 115ª edição do evento foi organizada pela National Retail Federation (NRF). Durante os meses subsequentes acontecem vários encontros pelo Brasil com a curadoria dos principais assuntos e tendências deste grande evento. Confira os principais aprendizados que irão moldar o mercado nos próximos anos.
A transformação digital e o avanço da inteligência artificial estão remodelando o varejo em ritmo acelerado. As tendências emergem rapidamente e, quando não acompanhadas, tornam-se pendências estratégicas. Neste contexto, a NRF 2025 trouxe insights cruciais para compreender o futuro do setor.
O novo comportamento do consumidor
O cliente de hoje não está mais a um único canal de compra. Ele transita entre o físico e o digital, influenciado por múltiplos fatores. Entre os principais dados apresentados:
- 68% dos consumidores já preferem comprar online.
- 59% das compras no varejo físico são influenciadas pelo digital.
- A busca por “melhor produto” aumentou 438%, demonstrando a necessidade de marcas oferecerem conteúdo relevante e comparativo.
- O mercado de influência segue em ascensão: o Brasil é o país mais influenciado por criadores de conteúdo e influenciadores digitais.
- A conveniência é fator decisivo na jornada do consumidor, com aumento de 256% nas buscas por “entrega hoje” e “o que está aberto agora”.
A inteligência artificial e o uso de dados tornam-se indispensáveis para antecipar essas demandas e personalizar a experiência do cliente.
A explosão do social commerce e o impacto da TikTok Mania
O comércio social não é mais uma tendência, mas uma realidade consolidada. O TikTok, por exemplo, vem transformando o varejo global:
- O TikTok Shop chega ao Brasil em abril de 2025, mas já movimentou US$ 20 bilhões em 2023 e tem projeção de fechar 2024 com US$ 83 bilhões.
- Com taxa de conversão de 50%, o app mantém o maior tempo médio de uso entre plataformas sociais.
- Moda e beleza são os dois segmentos que mais se beneficiam desse formato.
A grande lição aqui é a necessidade de estabelecer um relacionamento antes da transação. Enquanto a maioria dos varejistas foca primeiro na venda e depois no relacionamento e fidelização, o TikTok inverte essa lógica e cria um vínculo antes de gerar conversão.
O novo modelo de produção: C2M (Customer to Manufacturer)
A era da superprodução está chegando ao fim. O varejo on-demand ganha força com modelos como o C2M (Customer to Manufacturer), onde a produção ocorre apenas após a venda. Um grande exemplo é a SHEIN, onde 80% dos produtos não existem até serem comprados, com um ciclo de fabricação de duas semanas, já com meta de reduzir para uma.
Seis gigantes chineses – Temu, Shein, Shopee, TikTokShop, Kwai, AliExpress e Halara – já estão dominando o mercado brasileiro, trazendo uma nova mentalidade para o setor. E isso quer dizer que precisamos nos reinventar rapidamente para manter a competitividade.
Hiperpersonalização e o fim das campanhas massivas
Com a democratização da IA, segmentação tradicional dá lugar à hiperpersonalização. Isso significa:
- Ofertas customizadas em escala com base no comportamento individual.
- Experiências conversacionais substituindo experiências online tradicionais.
- Personalização profunda, que inclui até preços dinâmicos e interfaces ajustáveis ao perfil do usuário.
O e-commerce como conhecemos está com os dias contados. Empresas precisarão investir em assistentes de IA próprios para manter competitividade.
Live Commerce: entretenimento como chave para vender
O varejo está se tornando entretenimento. A ascensão do live commerce prova essa transformação:
- O surgimento dos livesellers, profissionais especializados em vendas ao vivo.
- IA replicando os melhores vendedores, permitindo que atendam simultaneamente milhões de consumidores.
- Nos EUA, o TikTok adicionou 12 milhões de compradores ao varejo online, enquanto Instagram, Facebook e Pinterest seguiram com menores incrementos.
O varejo não pode mais apenas vender produtos. Ele precisa entreter, engajar e criar uma conexão real com o público.
A Loja Física como playground e experiência
A digitalização não significa o fim das lojas físicas, mas sua ressignificação. Empresas como Apple e Zara são grandes exemplos dessa nova era:
- 85% das vendas da Apple ainda ocorrem em lojas físicas, que se tornaram verdadeiros pontos turísticos.
- A Zara renova seu portfólio toda semana, incentivando a visita recorrente e a experiência de autoatendimento.
- Quando uma empresa digital abre uma loja física, as vendas online aumentam 50%.
- Prateleira infinita, experimentação e atendimento consultivo são pilares fundamentais desse novo varejo..
- Por que os clientes evitam lojas físicas? Tempo perdido, lojas desorganizadas e atendimento ruim.
- O que eles desejam? Checkout rápido, novidades constantes, vendedores capacitados e um ambiente convidativo.
A experiência precisa ser tão natural que a compra se torne quase invisível – sem atritos, apenas conveniência.
A revolução da IA (inteligência artificial) no Varejo: muito além do ChatGPT
A inteligência artificial está redefinindo o jogo e suas aplicações vão muito além dos chatbots:
- IA generativa e conversacional: personalização extrema e engajamento contínuo.
- Visão computacional e gêmeos digitais: experiência imersiva e predição de demanda.
- Robótica e automação: otimização da cadeia logística e aumento da eficiência operacional.
O básico bem-feito de 2025 não é o retorno ao ado, mas a integração completa da IA ao varejo.
O que fazer agora?
Diante desse cenário, as empresas precisam definir suas prioridades em três níveis e criar sua estratégia de projetos.
- O que executar imediatamente, pois já é realidade?
- O que aprender para implementar em breve?
- O que entender para estar preparado para o futuro?
A IA trouxe um novo padrão de eficiência e experiência para o varejo. Aqueles que não se adaptarem perderão relevância. O momento de agir é agora!