Notícias de Criciúma e Região

‘Screamboat – Terror a Bordo’ é filme slasher para rir de tão ruim que é

Poucos anos após cair em domínio público, o Mickey e diversos outros personagens se tornaram uma salada de frutas de produções no cinema slasher/trash. Screamboat – Terror a Bordo é mais uma dessas produções de orçamento baixo, que promete sangue e mortes em um projeto, de certa forma, não-autoral diretamente, mas feito por uma mente aberta para o terror.

Buscando aquela primeira versão do Mickey do filme animado O Vapor Willie, de 1928, o longa-metragem de terror é mais uma tentativa de garantir a curiosidade do público. E, com certeza, conseguiram prender a curiosidade de quem gosta de cinema, afinal, não é todo dia que se vê o Mickey como um assassino com consciência.

Na trama, um eio de barco noturno em Nova York torna-se uma luta pela sobrevivência, quando um rato, que parecia ser inofensivo, é literalmente um assassino sedento por sangue e buscando por alguém que lhe fez muito bem no ado.

Taxado, além de terror, como uma comédia – de fato, é, também -, o longa-metragem traz o puro suco do trash slasher e dos filmes B. O baixo orçamento, a qualidade que não é de um nível blockbuster ou de grande estúdio, e a pouca preocupação em apresentar um super projeto, são a marca de Screamboat. Mesmo com a produtora de Terrifier e a equipe envolvida, há bem menos cuidado aqui do que com a franquia de Art, o Palhaço. Nem David Howard Thornton, que está no filme, pode salvá-lo da ruindade.

Com a direção de Steven LaMorte, Screamboat não se destaca, de forma alguma, por quase nada, exceto o background montado para dar profundidade à trama. São personagens colocados em uma história rápida, incluídos para apenas dar um andamento à história, sem mais do que isso ou a vontade de explorar algo maior. Um exemplo claro é a protagonista Selena (Allison Pittel), uma jovem que está perdida no mundo, não sabe o que quer e conhece alguém que se interessou após fugir de um grupo de jovens influenciadoras vestidas de princesas. Se Pittel, que deveria ser a melhor do elenco, querendo ou não, já não entrega uma boa performance, não é preciso imaginar muito do restante dos atores. É um trabalho precário e péssimo.

Foto: Imagem Filmes

O filme tenta se segurar no gore, mas nem isso é tão chamativo como é com Terrifier. Pelo menos, o público ansioso e curioso poderia esperar por isso, mas nem as mortes violentas chamam a atenção. As variadas sequências que deveriam assustar, tornam-se cômicas e, por muitas vezes, irritantes. Não pelo fato de que o filme é ruim, mas pela tomada de decisões das personagens. Aparentemente, se um personagem A tranca a porta e foge do assassino que tem uma lança ou algo semelhante, ele não espera na porta e sai correndo para outro cômodo ou local. Em Screamboat esse personagem espera ser morto.

Apesar de tudo ser ruim, nem tudo é grotesco demais, como o visual do Mickey, que procura estabelecer uma conexão com os anos 1920 e o assovio característico deste ícone da Disney. Este é o único ponto possível para um elogio, pois, nem os efeitos técnicos são bons. O filtro escuro é um incômodo ainda maior, destacando o quão frágil a equipe que o fez é. Para efeito de comparação, Terrifier 2 teve um orçamento bem menor que Screamboat, cerca de US$ 250 mil. O filme do Mickey assassino ou dos US$ 2 milhões. Por sua vez, Halloween (2018) foi US$ 10 milhões. O gore em Terrifier é muito bem utilizado, os efeitos práticos e o filtro mais escuro em Halloween, também. Em Screamboat, o que faltou, mesmo, foi saber dosar qualidade e quantidade.

Se os dois primeiros atos são péssimos, o terceiro é ainda pior. Entediante é a palavra que define corretamente a reta final de uma produção de baixo orçamento. Apesar do cenário no barco e a ideia interessante de deixar pessoas desconhecidas presas e forçando uma luta, esses tópicos não são bem trabalhados e pouco difundidos até dentro da história do longa. Afinal, o grande ponto seria este: o pavor de ficar preso com um rato assassino.

Nota: 2

Se você quiser me seguir e quem sabe discutir alguns filmes e séries, me siga na conta pessoal @gabrielrs211. Na profissional, trago todos os detalhes do cinema e da TV: @roomcritical. Estou no Instagram, “bora lá”!

Você também pode gostar